DENTRE é uma performance audiovisual imersiva que cruza cinema e música ao vivo numa exploração sensível e crítica do tema da mentira. A obra investiga as múltiplas formas da falsidade — da ilusão íntima à manipulação social — expondo os seus efeitos na construção de realidades paralelas e na normalização da violência.
Idealizada por Joaquim Pavão (realização e guitarra) e Xavier Marques (composição e performance sonora), a peça propõe uma narrativa que se desdobra num corpo cinematográfico silencioso, habitado ao vivo por guitarra, sons eletrónicos, objetos construídos e manipulações em tempo real. A música e a imagem coexistem numa tensão contínua, convocando o espectador para uma experiência sensorial intensa, onde a dúvida, a encenação e o desconforto se tornam matéria de reflexão.
Mais do que contar uma história, DENTRE constrói um espaço de confronto — estético e ético — com os modos como aceitamos ou rejeitamos o que nos é dado como verdadeiro.
CONTEXTUALIZAÇÃO ARTíSTICA
DENTRE é uma obra transdisciplinar que cruza cinema e música ao vivo numa experiência sensorial e performativa. Realizado por Joaquim Pavão, com banda sonora criada e interpretada ao vivo pelo próprio e por Xavier Marques, o projeto propõe uma fusão entre imagem e som onde a criação sonora é manipulada em tempo real, em total articulação com o ritmo, o gesto e a ação do filme.
A longa-metragem apresenta um universo visual onde a verdade e a mentira se diluem em discursos e ações contraditórias. Algumas personagens surgem com voz, outras são envoltas em silêncio — e é nesse terreno ambíguo que o som ao vivo ocupa o seu espaço, ampliando sentidos, criando tensões e devolvendo presença ao que, por vezes, parece ausente.
Mais do que acompanhar a imagem, a música e os ambientes sonoros tornam-se corpo expressivo e dramatúrgico. A articulação entre os dois artistas em palco recria a lógica do filme a cada apresentação, desafiando a passividade do espectador e chamando-o para dentro da experiência.
DENTRE interroga as formas subtis de violência e manipulação, questiona a normalização do sofrimento alheio e propõe uma reflexão estética e ética sobre a condição contemporânea. A performance sonora ao vivo não só acompanha como desestabiliza, desmonta e expõe os mecanismos da representação — num diálogo entre verdade construída e perceção sentida.
O projeto apresenta-se como uma proposta híbrida entre concerto, cinema e instalação, pensada tanto para salas de espectáculo como para contextos de cruzamento disciplinar e programação contemporânea.